quinta-feira, 3 de maio de 2012
Igreja Evangélica Assembléia de Deus – Recife / PE
Superintendência das Escolas Bíblicas Dominicais
Pastor Presidente: Ailton José Alves
Av. Cruz Cabugá, 29 – Santo Amaro – CEP. 50040 – 000:
LIÇÃO 08 – O PERIGO DE QUERER BARGANHAR COM DEUS
INTRODUÇÃO:
Nesta lição iremos aprender que Deus condena a barganha e que seu relacionamento conosco não se dá de
uma forma mercantil, mas por sua graça e seu favor imerecido (Tt 2.11). Veremos também que apesar de Cristo ter nos
concedido direitos ao consumar a sentença pelos nossos pecados (Rm 6.23), deu-nos também deveres a serem
cumpridos (Jo 15.10). E estes direitos não concedem a nenhum servo de Deus ousadia de exigir dele algo, mas de pedir
(Hb 4.16). Enfim, analisaremos também os perigos que cercam aqueles que se deixam envolver por falsos
ensinamentos.
I – CONCEITO DA PALAVRA BARGANHA
Segundo o Aurélio, a palavra barganha, vem do latim “bargagnare” e significa: trocar, negociar, vender com
fraude. Ou seja, é a consagrada expressão brasileira do “toma lá, dá cá”. No contexto religioso, barganhar é usar a fé
para obter vantagens pessoais.
II – O QUE SIGNIFICA TEOLOGIA DA BARGANHA
Segundo os teólogos da prosperidade, os cristãos devem obedecer a Deus para conquistar as bênçãos
prometidas por Ele em Sua Palavra. Dizem que, se obedecermos a Deus, jamais sofreremos privações. Esse
ensinamento pode ser denominado de Teologia da Barganha.
Na verdade, essa teologia era também defendida por um dos amigos de Jó, chamado de Elifaz. Este alegava
veementemente que nenhum sofrimento poderia vir ao justo, mas somente ao ímpio; e que se este estava passando por
qualquer infortúnio, o motivo seria pecado. Vejamos uma de suas declarações: “Lembra-te agora: qual é o inocente
que jamais pereceu? E onde foram os sinceros destruídos? Segundo eu tenho visto, os que lavram iniquidade e
semeiam o mal, segam isso mesmo. Com o hálito de Deus perecem; e com o sopro da sua ira se consomem” (Jó
4.7-9).
Será de fato isto que nos ensinam as Escrituras Sagradas? A obediência a Deus deve ter como motivação o
mero interesse de alcançar seus favores? É evidente que não. As bênçãos devem ser consequência, e não causa da
nossa devoção a Deus. Na verdade, esse comportamento se constitui numa relação mercantil, e não numa relação que
o Pai deseja ter com seus filhos. A Bíblia aponta algumas motivações para nós obedecermos ao nosso Deus.
Destacaremos pelo menos três:
• Amor: “Amarás, pois, ao SENHOR teu Deus, e guardarás as suas ordenanças, e os seus estatutos, e os
seus juízos, e os seus mandamentos, todos os dias” (Dt 11:1). “Aquele que tem os meus mandamentos e
os guarda esse é o que me ama; e aquele que me ama será amado de meu Pai, e eu o amarei, e me
manifestarei a ele” (Jo 14:21);
• Gratidão: “Bendize, ó minha alma, ao SENHOR, e não te esqueças de nenhum de seus benefícios” (Sl
103:2). “Entrai pelas portas dele com gratidão, e em seus átrios com louvor; louvai-o, e bendizei o seu
nome” (Sl 100:4);
• Alegria: “Servi ao SENHOR com alegria; e entrai diante dele com canto” (Sl 100:2). “E, perseverando
unânimes todos os dias no templo, e partindo o pão em casa, comiam juntos com alegria e singeleza de
coração” (At 2:46).
III – ALGUNS PRESSUPOSTOS DA TEOLOGIA DA BARGANHA
Os adeptos da Teologia da Prosperidade ensinam ainda em suas deturpações duas grandes inverdades: a falsa
doutrina do direito legal, e a prática do determinismo. Vejamos ambas detalhadamente:
3.1 A falsa doutrina do direito legal: Essa crença afirma que a morte vicária de Cristo concedeu uma série de direitos
aos que nele creem. Isto supostamente dá poder aos cristãos de exigirem de Deus seus favores, ao invés de pedir.
Observe o que diz Hagin em um de seus livros: “Descobri que o modo mais eficaz de se orar é aquele pelo qual
você requer os seus direitos. É assim que eu oro: “Exijo meus direitos” (PIERATT, 1993, p.70 ).
Refutação: É verdade que o sacrifício de Cristo nos concedeu poder e/ou direitos (Jo 1:13), porém também nos
responsabilizou com deveres (Ap 22.14). Tais direitos não poderão ser desfrutados se os deveres não forem cumpridos.
No entanto, isto não significa dizer que como filhos devemos exigir algo do Pai, pois, em nenhum lugar na Bíblia somos
ensinados a exigir de Deus alguma coisa, pelo contrário, Jesus nos ensina a pedir: “Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e
encontrareis; batei, e abrir-se-vos-á” (Mt 7:7). A expressão pedir no grego “aiteõ” sugere na maioria das vezes a
atitude de um suplicante, ou seja, a petição daquele que está em posição inferior (o cristão), aquele que está em posição
superior e a quem a petição é feita (Deus). Este verbo é encontrado nas seguintes passagens bíblicas: (Ef 3.20; Cl 1.9;
Tg 1.5,6;4.2,3; I Jo 3.22; 5.14-16).
3.2 A prática do determinismo: Segundo essa doutrina, o cristão deve determinar ao invés de orar e esperar. Como
podemos ver, esse falso ensinamento, contraria a soberania divina, de decidir, querer ou não ao crente o que este lhe
pede. É o que ensina os teólogos da prosperidade: “Não orei uma só oração em 45 anos sem obter uma resposta.
Sempre recebi uma resposta — e a resposta foi sempre "sim". Algumas pessoas dizem: "Deus sempre responde
às orações. Às vezes diz: "Sim," e às vezes diz: "Não". Nunca li isto na Bíblia. Trata-se apenas de raciocínio
humano (PIERATT, 1993, p. 79).
Refutação: Jesus e os seus santos apóstolos nunca ensinaram a prática de determinar alguma coisa, nem que sempre
as respostas das orações seriam imediatas, mas, ensinaram a prática da oração seguida da perseverança: (Lc 18.1-
7;Rm 12.12; I Ts 5.17). Daniel orou vinte um dias por uma resposta (Dn 10.2,12); Elias orou setes vezes
consecutivas para que chovesse (I Rs 18.43,44). Outra coisa deve-se ressaltar, que nem sempre Deus
responde com um “sim” as nossas petições, a exemplo disto temos: Moisés (Dt 3:25) e Paulo (II Co 12:7).
IV – O PERIGO DE SE TENTAR BARGANHAR COM DEUS
A difusão da Teologia da Barganha tem feito com que uma geração de crentes tornem-se materialistas, cheios
de direitos, e pouco ou quase nenhum dever a ser cumprido, servindo a Deus apenas por conveniência. No entanto, os
verdadeiros servos de Deus, lhe obedecem independente do que Deus lhes possa conceder, tais como: O patriarca Jó
que, quando foi provado, perdeu tudo, porém, não deixou escapar a fé, o amor e esperança (Jó 19.25-27); como o
profeta Habacuque que, apesar de estar passando privações, podia exultar no Senhor (Hc 3.17,18); e ainda como
Misael, Hananias e Azarias, que não se curvaram diante do ídolo que Nabucodonosor, ainda que sentenciados a morte
pela fornalha (Dn 3.17,18).
Os Teólogos da Prosperidade com seus ensinos deturpados, trazem consigo uma grande inversão de valores,
pois, o material torna-se mais importante que o espiritual; o ter mais importante que o ser; e a terra mais importante que
o céu. Não bastasse essa série de absurdos, outras doutrinas danosas a fé cristã, têm sido introduzidas de forma
encoberta, entre as quais podemos citar:
4.1 Humanização de Deus e divinização do homem: Este estranho ensinamento é defendido a partir do momento que
o homem passa a exigir, ao invés de pedir a Deus, e Deus passa a cumprir, porque é obrigado a fazê-lo. No entanto, a
Bíblia nos diz que apesar de Deus interferir na criação, como um ser imanente (não se encontra a parte da sua criação),
ele é um ser transcendende (é superior e está acima da criação), e que também é soberano para fazer como e quando
quiser (Is 43.13). Diferente do homem que foi feito do pó (Gn 3.19), é menor que os anjos (Sl 8.4,5) e que seus mais
altos atos de justiça são como trapos de imundícia diante da perfeição do Criador (Is 64.6);
4.2 Amar as coisas e usar as pessoas: Torna-se perceptível o tratamento que os propagadores da Teologia da
prosperidade dão as pessoas. Com o objetivo de manterem seus programas na TV em horário nobre, fazem inúmeras
campanhas para arrancar dos seus membros o que puder, alegando astuciosamente que estas ofertas são sementes, e
que Deus lhes recompensará devolvendo cem ou até mil vezes mais. O apóstolo Pedro anteveu o surgimento desta
falácia quando disse: "E por avareza farão de vós negócio com palavras fingidas; sobre os quais já de largo
tempo não será tardia a sentença, e a sua perdição não dormita" (II Pe 2.3). No entanto, é importante saber que
Deus condena a barganha (Êx 23.8) pois o seu relacionamento conosco não se dá de uma forma comercial ou troca de
favores (Dt 10.17), mas por sua graça e bondade (Sl 103.8);
4.3 Práticas mágicas ao invés da disciplina da oração: Ainda encontra-se entre os seus ensinos as práticas mágicas,
ou seja, o caminho mais curto que a oração. A fé na Palavra fora substituída pela fé nos artefatos supostamente
consagrados que trazem algum “poder”, como por exemplo (lenço, água, óleo, flor...). Como podemos ver a história se
repete, pois tal comércio se fazia com relíquias na época de Lutero. Porém, a citação paulina: “Mas o justo viverá da
fé” (Hc 2.4;Rm 1.17), que desabrochou na reforma protestante, e que resgatou a verdadeira direção da fé: a pessoa de
Cristo (Jo 3.16), a Palavra de Cristo e o poder de Cristo (Mt 22.29).
CONCLUSÃO
Concluímos dizendo que o fato de sermos filhos Deus não significa dizer que Ele atenderá todos os nossos
pedidos. Existem condições estabelecidas por Deus em Sua Palavra, para que possamos receber suas bençãos. Porém,
faz-se necessário permanecer em Cristo (Jo 15.17); guardar seus mandamentos (I Jo 3.22); e orar de acordo com a Sua
vontade (I Jo 5.14), pois se pedirmos mal, não seremos atendidos (Tg 4.3).
REFERÊNCIAS
• PIERATT, Allan B. O evangelho da prosperidade. Vida Nova.
• STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
• GONÇALVES, José. A verdadeira prosperidade. CPAD
• ANDRADE, Claudionor de. Lições Bíblicas: o sofrimento dos justos e o seu propósito. CPAD.
• VINE, W.E, et al. Dicionário Vine. CPAD.
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